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SaĂșde

Saúde mental e afastamento do trabalho: quem paga essa conta?

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Por Redação 25/03/2025 às 14:04:07

Foto: Acervo Pessoal

A saĂșde mental tem ganhado cada vez mais destaque no debate pĂșblico, especialmente no contexto laboral, onde problemas como ansiedade, depressão e burnout tĂȘm levado muitos profissionais ao afastamento de suas atividades. Segundo o especialista em direito do trabalho EmĂ­lio Fraga, "o adoecimento mental no ambiente de trabalho é uma realidade que precisa ser encarada com seriedade, tanto pelas empresas quanto pela legislação. O trabalhador que precisa se afastar por questões de saĂșde mental tem direitos garantidos, como auxĂ­lio-doença e estabilidade provisória após o retorno". No entanto, a pergunta que fica é: quem realmente arca com os custos desse afastamento? A resposta não é simples, mas envolve uma reflexão sobre as responsabilidades compartilhadas entre empregadores, Estado e sociedade.

A ansiedade e outros transtornos mentais são hoje uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil. Dados do Ministério da SaĂșde revelam que, entre 2017 e 2021, houve um aumento de 30% nos afastamentos por motivos psiquiĂĄtricos. Esse cenĂĄrio evidencia a necessidade de polĂ­ticas preventivas e de suporte aos trabalhadores. No entanto, a precarização das relações de trabalho, como a pejotização, agrava o problema. Profissionais que atuam como Pessoa JurĂ­dica (PJ) muitas vezes não tĂȘm acesso a benefĂ­cios como licença médica ou auxĂ­lio-doença, o que os deixa desamparados em momentos de crise. A pergunta que surge é: cabe indenização para quem é PJ e se vĂȘ incapacitado de trabalhar por questões de saĂșde mental? A legislação atual ainda não oferece uma resposta clara, mas especialistas defendem que a responsabilidade não pode recair apenas sobre o indivĂ­duo.

A pejotização, embora vista por muitos como uma forma de flexibilização do mercado, traz consigo uma série de desafios, especialmente quando se trata de saĂșde mental. Profissionais PJ não tĂȘm a mesma proteção legal que os celetistas, o que os coloca em uma situação de vulnerabilidade. Em casos de afastamento por transtornos mentais, muitos se veem obrigados a arcar sozinhos com os custos do tratamento e da sobrevivĂȘncia durante o perĂ­odo de incapacidade. Isso levanta uma questão polĂȘmica: até que ponto as empresas que contratam PJs devem ser responsabilizadas pelo bem-estar desses trabalhadores? Para EmĂ­lio Fraga, "a pejotização não pode ser uma forma de transferir todos os riscos para o trabalhador. É preciso repensar esse modelo para garantir que ninguém fique desprotegido em momentos de fragilidade".

Diante desse cenĂĄrio, é urgente que empresas, governo e sociedade discutam formas de proteger a saĂșde mental dos trabalhadores, independentemente do tipo de contratação. A criação de polĂ­ticas pĂșblicas que incluam os PJs em programas de auxĂ­lio-doença e a implementação de medidas preventivas no ambiente de trabalho são passos essenciais. Afinal, a conta do adoecimento mental não pode ser paga apenas pelo indivĂ­duo. Como afirma Fraga, "a saĂșde mental é um direito de todos, e garantir esse direito é um dever coletivo". Enquanto não houver uma mudança estrutural, continuaremos a ver profissionais sendo afastados sem o devido suporte, e a pergunta inicial seguirĂĄ sem uma resposta satisfatória: quem paga essa conta?
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